quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Homem da Cais

Está sempre em Sete Rios, ali por baixo do parque de estacionamento, é meio alourado, tem olhos claros e um bigode mais ou menos farfalhudo. É magro, de estatura mediana e se não é assim, perdoem-me quando digo que tem sempre vestido ou umas calças claras ou de ganga, camisas aos quadrados, um boné e um colete sem mangas vermelhos, com o logótipo. Aparenta ter 40 e muitos, 50as, mas penso que será mais velho. De manhã, em hora de ponta, está do lado esquerdo, no passeio, aguardando pacificamente, mas atento, que o sinal mude de cor para começar a sua ronda. Logo que fica vermelho, avança, devagar, ergue o braço a meia haste e vai andando, pelo meio das duas filas, exibindo a revista mais de perto quando se aproxima dos condutores. Não fala, não bate nos vidros dos mais desatentos, não é chato nem impositivo; inquire apenas com o olhar. Uns abanam a cabeça, outros, erguem o indicador e abanam o dedo da esquerda para a direita. Imediatamente antes do sinal voltar ao verde e os aceleras avançarem sem olhar para trás, ou para a frente, com pressa, sempre com muita pressa, caminha novamente, devagar, em direcção ao seu posto e aguarda novamente pelo vermelho. Hoje, como de costume no início de cada mês, aguardei a sua marcha lenta, sorri, desci o vidro e estendi os dois euros. Quando voltei a fechar o vidro e o observei a afastar-se, reparei que estava mais velho, um pouco mais curvado e arrastava ligeiramente a perna esquerda. E preocupei-me. A verdade, é que não sei porquê, simpatizo com este meu homem da Cais. E hoje, pela primeira vez, quando o sinal abriu e arranquei, sorriu e acenou-me do passeio.

terça-feira, 27 de abril de 2010

No baú

da minha casa antiga, descobri alguns cd's que ainda não tinha recolhido para o meu casebre actual . E foi com imensa alegria, que exactamente como uma esclerozada, me desse para ouvir certas coisas como da primeira vez se tratasse. Ou não, não a primeira vez, porque ainda restam resquícios de alguma memória, mais como se revivesse emoções. Sabia que me sentia assim quando ouvia aquilo e agora a memória e a sensação voltaram, da mesma forma, como se me tivesse enfiado numa máquina do tempo. Isto para dizer que voltei a arrepiar-me com esta música da Tori Amos, da qual também me tinha temporariamente esquecido, injustamente, depois dos tantos momentos com os fones nos ouvidos, a tentar reproduzir e acompanhar desastrosamente este e mais uns quantos outros temas. Desculpa lá Tori. Tirando estes disparates, tudo é fenomenal nesta interpretação.

sábado, 24 de abril de 2010

Dinheiro é Tempo


Pôs-me a pensar o facto de ontem ter estacionado o carro com direito a pagamento de parquímetro, como vai sendo aliás cada vez mais habitual em qualquer canto de Lisboa e ter reparado no seguinte: Cada 0,10€ equivalem a 9 minutos. Achei deprimente.

Nota aos Leitores


Este blog não tem discrição porque não tem descrição possível.

domingo, 7 de março de 2010

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